A aproximação dos estudantes de geografia da temática sobre orientação afetivo-sexual e identidade de gênero não ocorreu a partir de uma reflexão crítica, esta se deu inicialmente através de festas do trocado promovidas nos Encontros de Estudantes de Geografia.
Podemos argumentar que uma das justificativas disso acontecer é que o debate e a educação em torno da diversidade sexual não existem em nossa sociedade, esta só se faz presente no interior de alguns grupos, por isso nos to...
A aproximação dos estudantes de geografia da temática sobre orientação afetivo-sexual e identidade de gênero não ocorreu a partir de uma reflexão crítica, esta se deu inicialmente através de festas do trocado promovidas nos Encontros de Estudantes de Geografia.
Podemos argumentar que uma das justificativas disso acontecer é que o debate e a educação em torno da diversidade sexual não existem em nossa sociedade, esta só se faz presente no interior de alguns grupos, por isso nos tornamos míopes. Especificamente sobre esta questão, temos dificuldade de enxergarmos o movimento da realidade que está diante de nós e esta dificuldade também é presente no interior da Ciência Geográfica. A produção cientifica realizada pela Geografia sobre a questão da diversidade sexual que abranja temáticas LGBTTT praticamente é inexistente, poucxs geógrafxs com muita dificuldade enfrentam o pensamento tradicional em nossa ciência e trilham este caminho.
Devido à negação, por parte da sociedade, da realização deste debate, o amadurecimento político dxs estudantes atrasou, no entanto, com o surgimento de indivíduos e grupos LGBTTT que se aproximaram da geografia temos o inicio de um acumulo político em torno dos temas orientação afetivo-sexual e identidade de gênero.
Nesse sentido, em busca da conscientização e politização nós, estudantes de Geografia da USP, organizados na Semana de Lutas dos Estudantes de Geografia estamos promovendo um momento de formação e quem sabe este seja o inicio de superação de nossos preconceitos e contradições em torno do tema da diversidade afetivo-sexual e de gênero. Assim, para abrir os caminhos e iniciar tal debate organizamos uma mesa de debate "Identidade, gênero e sexualidade: a questão LGBT", para sua realização convidamos três militantes que atuam na promoção da diversidade sexual: Daniela Andrade, Sinei Sales e Lula Ramires.
Debatedores:
Daniela Andrade:
Ativista e militante trans da cidade de São Paulo, buscando em sua luta a atenção para a causa dos Direitos Humanos no Brasil. É membro da Comissão da Diversidade Sexual da OAB-Osasco, empreendendo ações de inclusão para a população LGBT; membro do coletivo Feminismo sem Demagogia, atuando na erradicação do machismo e misoginia, assim como na luta pela equidade de direitos entre os gêneros; membro do coletivo LGBT Juntas!, repensando e atuando na efetiva mobilização na luta contra a discriminação em função de identidade de gênero e orientação sexual, assim como dirige o Fórum Paulista da Juventude LGBT. Possui atuação em frentes de luta pela visibilidade das pessoas trans no Brasil, no tocante à participação, protagonismo e direitos negados a essa população. Acredita que um país mais justo é possível, desde que as pessoas repensem as opressões de forma interseccional: todas as opressões estão de alguma forma interligadas e afetando determinados grupos populacionais historicamente oprimidos, o que vem a acarretar em prejuízo para a sociedade como um todo.
Sinei Sales:
Atualmente é mestrando do Programa de Pós-graduação em Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa - FFLCH / USP. É bacharel em Letras (Português-Espanhol) pela mesma faculdade e licenciado em Letras, pela FE-USP. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Portuguesa, Literaturas Africanas de Língua Portuguesa e Literatura Comparada, atuando principalmente nos seguintes temas: Poesia do século XX, Literatura Comparada, Estudos Culturais, Teoria Queer e Estudos Gays e Lésbicas, focalizando a tensão e a convergência desses com a crítica literária, o corpo, a subjetividade e a cultura. Além disso, faz especialização no Centro Latino Americano de Estudos de Gênero e Sexualidade pela UERJ.
Lula Ramires:
Militante do grupo C.O.R.S.A (Cidadania, Orgulho, Respeito, Solidariedade e Amor) desde 1996. Lula por contribuir ativamente para a organização e estruturação das ações do grupo, após algum tempo é eleito presidente da organização.
O C.O.R.S.A propõem combater a discriminação sexual através do controle social e da promoção da educação na rede pública com foco na diversidade sexual. Nesse intuito o grupo atua em diversas frentes, foi um dos idealizadores da Parada GAY de São Paulo, promove o programa “Educando para a Diversidade" no qual educa e capacita e alunos da rede pública de ensino para que as práticas pedagógicas sejam reconstruídas e assim cesse a discriminação contra a diversidade de gênero e sexual dentro desses espaços públicos, tal programa já capacitou 5000 professores da rede pública municipal em dois anos de atuação. E além disso, está envolvido na fiscalização de leis e na elaboração de políticas públicas em defesa dos direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.
LOCAL: SALA 9 - DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA - FFLCH-USP.
HORÁRIO: 18H.